O capítulo “Contra o inimigo comum” do livro “Era dos Extremos” de Eric Hobsbawm não poderia ter um título mais esclarecedor. Através de uma análise conjuntural, o autor avalia a aliança entre países liberais e comunistas contra o fascismo alemão, o tal inimigo comum. É importante sublinhar que essa aliança está longe de ter acontecido por causa de um ideal, não passando de uma necessidade intrínseca baseada na natureza do inimigo.
A parte III deste capítulo nos mostra a posição que o autor vai tomar frente ao desenvolvimento de toda a questão do fascismo e da Segunda Guerra Mundial: A importância da Guerra Civil Espanhola. Coloca que, apesar de ser parte periférica da Europa, a Espanha tornou-se símbolo de uma luta global na década de 1930, visto que todas as partes do mundo “tomaram um lado” nessa guerra. A partir desse quadro o autor acredita que ocorre uma cisão do mundo.
“As disputas da década de 1930, travadas dentro dos Estados ou entre eles, eram, portanto, transnacionais. Em nenhuma parte foi isso mais evidente do que na Guerra Civil Espanhola de 1936-9, que se tornou a expressão exemplar desse confronto global” (Hobsbowm, 157).
É importante falar também da fracassada política de apaziguamento, pois, em parte, foi graças a ela que Hitler teve tanto espaço para expandir sua própria política. Esse apaziguamento ineficaz só foi abandonado quando países como a Grã-Bretanha e França pensaram a sério uma aliança com a URSS, “sem a qual a guerra não podia ser nem adiada nem vencida” (Hobsbawm, 156). O medo que esses países tinham de uma nova guerra, tendo em vista os traumas sofridos na Primeira Grande Guerra (bem como a neutralidade temporária soviética), acabou por ser suplantado pela necessidade de ação, visto que as potências não poderiam mais coexistir com o modelo nazista, com objetivos políticos irracionais e ilimitados. “Expansão e agressão faziam parte do sistema, e, a menos que se aceitasse de antemão a dominação alemã, ou seja, se preferisse não resistir ao avanço nazista, a guerra era inevitável, provavelmente mais cedo do que mais tarde”. (Hobsbawm, 155).
Finalmente vencida a guerra, a frágil aliança outrora formada pode ser rompida. Nesse momento, cada lado vai se virar para seus próprios interesses nacionais, e a antiga oposição “capitalismo liberal x comunismo” voltará à cena, agora de maneira muito mais radical, num contexto de Guerra Fria. Vale ressaltar que a Segunda Guerra mundial marcou profundamente e de maneira diversificada as sociedades do século XX, modificando-as e remodelando o que entendemos hoje por “ideologia”.
Bibliografia: Hobsbawm, Eric. Era dos Extremos.
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