Políticas de Identidade
Neste capítulo, Goodrick-Clarke trabalha a questão do surgimento de grupos neonazistas em meio às políticas de privilégio de raças não-brancas (negros e hispânicos, principalmente) particularmente nos EUA. À medida que essas minorias ganhavam direitos, grupos neonazistas sugeriam que o domínio racial branco estava ameaçado em terras de ancestrais originalmente brancos (anglo-saxões). Claro que esse crescente racismo vem acompanhado por uma forte oposição da opinião liberal, mas a conjuntura da década de 1960 em diante engloba diversos fatores que reintroduziram a questão da raça nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.
Os efeitos discriminatórios de políticas para negros nos EUA passam por cima da tradição anglo-americana de direitos individuais, desagradando os brancos. Os privilégios que o governo cria acabam por fomentar uma extrema direita racista. A questão é que quanto mais políticas de quotas, ou o número de ocorrências de crimes de negros contra brancos são usados como justificativa para se criar privilégios visando a inclusão social (que acabam por ser desiguais), mais cresce a extrema direita racista. “A preocupação com a responsabilidade dos brancos no fracasso das relações raciais também ignora a alta incidência de crimes e violência interétnicos. Essa desqualificação da crítica dos brancos por meio de acusações de racismo individual e ‘institucional’, somada à atitude de compensação em relação à identidade negra, tem sido um fator no estímulo esotérico da extrema direita racista” (Goodrick-Clarke, p. 398).
O neonazismo de caráter esotérico usa mitologias para negar a queda do “poder branco”, como se passássemos por uma era de degeneração que é comandada pela influência judaica no mundo, e que será superada com ao ressurgimento da Alemanha nazista. Essa concepção, propagada por Wilhelm Landing, é acompanhada por uma invocação de “mitologias quase völkisch de destino e identidade brancos” (Goodrick-Clarke, p. 399). Novos grupos que surgem tendem para uma ideologia defensiva, proporcionando a ascensão de um novo nacionalismo, ritmado com questões atuais da globalização, como a imigração e a derrubada de barreiras nacionais (exemplifica: Identidade Cristã, Igreja do Criador e pagãos raciais nórdicos). Tendo isso em vista, o autor afirma que os EUA possuem um solo fértil para o neonazismo, pois é “onde os desafios do multiculturalismo e da imigração vinda do Terceiro Mundo têm sido maiores” (Goodrick-Clarke, p.399). A imigração hispânica para os EUA é adubo para o crescente racismo no país. Faz-se necessário, visto que não se pode mais controlar a movimentação internacional (a imigração ilegal só nos EUA, por ano, é de 2 a 3 milhões de pessoas) implantar “políticas de bilingüismo e multiculturalismo no sistema educacional” (Goodrick-Clarke, p. 400). Esta conversão dos EUA e, em menos escala, da Europa, em “nações universais” exige análises profundas para que possamos manter os direitos humanos intactos e direcionar a educação da população para uma tolerância mundial: de raça, nacionalidade ou o que quer que seja.
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